1. Paradigmas e Abordagens
A IA abrange várias abordagens e paradigmas, cada um adequado para resolver diferentes tipos de problemas:
- Simbólico (ou lógico): Baseia-se em regras explícitas e lógica formal. É utilizado em sistemas especialistas que resolvem problemas com base em conhecimento codificado, como diagnósticos médicos.
- Exemplos: Sistemas de inferência lógica, Prolog.
- Connectionista: Modela sistemas inspirados no cérebro humano, utilizando redes neuronais artificiais para aprender padrões. É amplamente utilizado em reconhecimento de imagens e processamento de linguagem natural.
- Exemplos: Deep Learning aplicado em visão computacional (classificação de imagens).
- Evolucionista: Baseia-se na metáfora da evolução natural. Algoritmos genéticos simulam mecanismos de seleção, mutação e recombinação para encontrar soluções aproximadas em espaços de busca complexos.
- Exemplos: Planeamento de rotas em logística, otimização de funções.
- Estatístico/Probabilístico: Emprega modelos matemáticos e estatísticos para lidar com incertezas e inferir a probabilidade de eventos.
- Exemplos: Redes bayesianas usadas em diagnósticos ou previsão de comportamentos.
2. História
A evolução da IA combina avanços filosóficos, matemáticos e tecnológicos:
- Antiguidade:
- Aristóteles formalizou o silogismo, base para a lógica.
- Raciocínios condicionais apareceram em tratados egípcios (~3000 a.C.).
- Idade Média:
- Sistemas mecânicos de cálculo, como os inventados por Ramón Llull (século XIII).
- Século XVII-XIX:
- Invenção de calculadoras mecânicas (Pascal, Leibniz).
- Surge a lógica simbólica (Boole, Frege).
- Século XX:
- 1936: Alan Turing define o conceito de máquina universal (Máquina de Turing).
- 1950: Publicação do artigo "Computing Machinery and Intelligence", onde é proposto o Teste de Turing.
- 1956: Conferência de Dartmouth marca o início oficial da IA, cunhando o termo "Artificial Intelligence" (John McCarthy).
- Décadas de 1970-80: Aplicações práticas começam a surgir, como sistemas especialistas.
- Décadas de 1990-2000: Avanço em aprendizagem estatística, redes neuronais e processamento de grandes volumes de dados (Big Data).
- Anos 2010: Ressurgimento da IA com Deep Learning (AlphaGo, Watson, Siri).
3. Agentes e Sistemas Multiagentes
- Agentes Inteligentes:
Entidades autónomas que percebem o ambiente através de sensores, raciocinam e agem com base em objetivos predefinidos.- Propriedades principais: Autonomia, adaptabilidade, interatividade.
- Exemplos: Assistentes pessoais, como Alexa e Siri.
- Sistemas Multiagentes:
Redes de agentes que interagem entre si para resolver problemas complexos ou coordenar ações, como em logística e jogos cooperativos.- Exemplos: Coordenação de robôs em futebol (RoboSoccer) ou gestão de tráfego urbano.
4. Aplicações da IA
A IA já está profundamente integrada em diversas áreas:
- Visão Computacional:
- Reconhecimento facial, análise de imagens médicas (radiografias, tumores).
- Exemplos: Sistemas de vigilância, carros autónomos (Google Self-Driving Car).
- Processamento de Linguagem Natural (PLN):
- Compreensão e geração de texto, tradução automática, análise de sentimento.
- Exemplos: Chatbots como ChatGPT, tradutores (Google Translate).
- Robótica:
- Robôs autónomos para tarefas domésticas, industriais e exploratórias.
- Exemplos: Drones autónomos, robôs para exploração de Marte.
- Sistemas de Recomendação:
- Modelagem de perfis de utilizadores para personalizar sugestões.
- Exemplos: Recomendação de filmes (Netflix), produtos (Amazon).
- Inteligência Ambiental (Ambient Intelligence):
- Casas inteligentes e cidades conectadas, otimizando recursos e aumentando o conforto.
- Exemplos: Termóstatos inteligentes (Nest), gestão de iluminação urbana.
- Aprendizagem por Reforço:
- Utilizado em robótica e jogos, onde agentes aprendem por tentativa e erro.
- Exemplos: AlphaGo (estratégias complexas de Go), otimização de políticas de tráfego.
- Cibersegurança:
- Deteção de intrusões em sistemas, filtragem de spam e prevenção de fraudes.
Perspectivas Futuras e Desafios
- IA Forte:
Desenvolver sistemas com capacidades comparáveis às humanas (autoconsciência, intuição). Embora promissora, esta área enfrenta desafios conceptuais e éticos. - Superinteligência:
Debates sobre os riscos de uma IA que possa ultrapassar a inteligência humana (Stephen Hawking, Elon Musk). - Integração Social:
Tornar a IA inclusiva e acessível, com aplicações em mobilidade urbana, saúde e educação. - Ética e Transparência:
Necessidade de regulamentação para garantir o uso responsável da IA, mitigando viéses e abuso de poder.